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🧭 O que a ciência revela sobre o fim da vida: além do controle de sintomas, a busca por sentido

  • Writer: Pedro Filho
    Pedro Filho
  • May 18
  • 3 min read


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Estudos científicos em cuidados paliativos revelam que os maiores desafios no fim da vida não estão apenas relacionados ao controle de sintomas físicos, mas à preservação da dignidade, reconciliação emocional, senso de completude e espiritualidade.


Steinhauser et al., publicou no JAMA em 2000 um estudo que avaliou pacientes terminais, familiares, médicos e cuidadores para identificar os atributos considerados mais importantes no fim da vida. Os autores apontaram que atributos como 'estar livre de dor', 'ter paz espiritual', 'estar com a família', 'tomar decisões conscientes' e 'ser tratado como pessoa e não somente a doença' foram consistentemente classificados como importantes por todos os grupos avaliados (>70% de todos os pacientes avaliados).


Harvey Max Chochinov, psiquiatra canadense especializado em cuidados paliativos, desenvolveu o Modelo da Dignidade Conservada, que sustenta que pacientes mantêm sua dignidade quando são tratados com empatia, têm sua identidade respeitada e recebem oportunidades de expressar seus valores e legado. A terapia da dignidade, baseada nesse modelo, permite que pacientes revisem sua história, deixem mensagens e se conectem com aquilo que lhes confere sentido. Essa abordagem mostrou eficácia em diversos estudos clínicos, mas seus dados são qualitativos e variam entre contextos clínicos e culturais.


📘 Arrependimentos no fim da vida: relatos e convergência com a ciência


A cuidadora paliativista australiana Bronnie Ware, em seu livro 'The Top Five Regrets of the Dying' (2012), descreveu os arrependimentos mais frequentes relatados por pacientes em seus últimos dias. Apesar de ser uma obra não científica, suas observações coincidem fortemente com a literatura médica e psicológica sobre terminalidade:

1. “Gostaria de ter vivido fiel a mim mesmo, e não às expectativas dos outros.”

2. “Gostaria de não ter trabalhado tanto.”

3. “Gostaria de ter expressado mais meus sentimentos.”

4. “Gostaria de ter mantido contato com meus amigos.”

5. “Gostaria de ter me permitido ser mais feliz.”


Esses achados confirmam as evidências científicas sobre a importância da autenticidade, vínculos emocionais e expressão afetiva no fim da vida. E realmente nos fazem pensar em como lidamos com nossa própria vida, nossa identidade, escolhas, e principalmente o sentido da nossa vida.


📊 Considerações finais

A literatura científica atual é clara ao mostrar que uma morte digna não depende apenas de ausência de dor, mas de sentido, relações e respeito à identidade do paciente. Autores como Steinhauser, Chochinov e Boston reforçam que espiritualidade, legado, autonomia e conexão emocional são dimensões centrais e insubstituíveis da experiência humana diante da morte.


💡 Mensagem final


Se aquilo que te angustia hoje não mudará o rumo da sua vida nos próximos cinco anos, talvez não mereça tanto espaço dentro de você!

Quando ouvimos com atenção o que os pacientes em fim de vida mais valorizam, entendemos algo fundamental: a vida não é sobre quantidade de dias ou as metas do amanhã — é sobre a qualidade dos vínculos, a coragem de ser quem se é, e a paz com a própria história.

Os maiores arrependimentos não vêm do que fizemos, mas daquilo que deixamos de fazer por medo, orgulho ou pressa.

💭 Deixamos para depois uma conversa importante.

💭 Um abraço que poderia ter sido dado.

💭 Um caminho diferente que exigia coragem.


Viver bem não é viver perfeito — é viver com presença. Com autenticidade. Com amor


Dr. Pedro Paulo Perroni – Médico Oncologista Clínico

CRMSP 170416 | CRMCE 25246

Especialista em Clínica Médica

Especialista em Oncologia Clínica

Registro de especialista (RQE) 13777 | 13778


📌 Todas as imagens deste post podem ter sido geradas com o auxílio de inteligência artificial sob curadoria médica. O conteúdo tem finalidade informativa e não substitui a avaliação presencial com um médico oncologista. Direitos autorais reservados.


📚 Referências

1. Steinhauser KE et al. Factors considered important at the end of life. JAMA. 2000;284(19):2476–2482.

2. Chochinov HM et al. Dignity Therapy: A novel psychotherapeutic intervention for patients near the end of life. J Clin Oncol. 2005;23(24):5520–5525.

3. Chochinov HM. Dignity and the essence of medicine: the A, B, C, and D of dignity conserving care. BMJ. 2007;335(7612):184–187.

4. Ware B. The Top Five Regrets of the Dying. Hay House, 2012.

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Dr. Pedro Paulo Perroni  - Médico Oncologista Clínico CRMSP 170416 | CRMCE 25246

Especialista em Oncologia Clínica e Clínica Médica Registro de especialista (RQE) 13777 | 13778

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